"A escolha do que consumimos é uma espécie de reflexo de Pavlov,
uma embalagem, marcas preferidas ou preços desejáveis. Reacções
que não é possível conhecer através de nenhum questionário porque
se tratam de emoções do nosso inconsciente de que não nos conseguimos aperceber e muito menos exprimir, escreve a Lusa. Perante estas dificuldades mas com ânsia de perceber o que nos leva a comprar um tipo de produtose rejeitar outros, o neuropsicólogo inglês David Lewis desenvolveu nos últimos 20 anos uma ciência que designa como neuromarketing. «O objectivo do neuromarketing é perceber como o cérebro produz comportamento» e «estudar como os seres humanos fazem escolhas» de consumo, explicou à agência Lusa o neuropsicólogo que está em Portugal desde quarta-feira para realizar uma demonstração de neuromarketing cujos resultados apresenta esta quinta-feira em Matosinhos. Portugal é dos mais atrasados em inovação Adoçantes podem provocar aumento de peso «As emoções têm um papel muito mais significativo nas tomadas de decisão relativas ao consumo do que a parte mais racional e lógica» da nossa mente, diz o cientista, sublinhando que «pelo menos 9/10 da informação de consumo fica escondida» no nosso cérebro como se fosse um iceberg. Esta ciência trabalha com informação do cérebro fornecida através de eléctrodos ligados à cabeça de um voluntário e a um computador. Este recebe dados que representa em forma de linhas cheias de ziguezagues num desenho idêntico ao mostrado por um exame ao movimento do coração. Chocolate mais poderoso que o beijo De acordo com David Lewis, as previsões dos cientistas referem que o neuromarketing vai tornar-se «a tecnologia mais em voga no mercado da investigação daqui a 5 anos». Entre as conclusões mais curiosas encontra-se uma encontrada num teste para a marca de chocolates Cadbury`s. O objectivo era analisar as emoções dos voluntários comparando comer chocolate com beijar alguém amado. Analisadas as reacções do cérebro, David Lewis concluiu que o chocolate tinha um efeito «muito mais poderoso do que o beijo». Em termos mais abrangentes, o neuropsicólogo adianta ainda que a actividade de ir às compras a um supermercado provoca reacções «muito diferentes» a homens e mulheres. «Para os homens ir às compras é stressante e desagradável. Fazem as compras de uma forma muito rápida e com uma atitude completamente diferente da das mulheres». Para elas, ir às compras é «mais agradável, olham, observam e vêem a qualidade [dos produtos], muito concentradas». «O neuromarketing é perfeitamente inofensivo», conclui Nelson Lima, acrescentando que «os marketeers podem ver o cérebro dos consumidores mas não a sua mente. Esta continua a ser secreta e misteriosa»."